segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Dia da Irmã


Hoje é Dia dos Irmãos. 
Soube disso por meio de meu pai, que me ligou cedo pra me falar. Logo disse a ele que ligaria prá Amanda, minha irmã (que já apareceu por aqui, na postagem sobre o Natal). Mas me esqueci. Não porque não tenha amor por ela, mas porque sou muito distraída. Cada vez mais. No momento em que ele me ligou eu, como boa geminiana que sou, estava fazendo umas três coisas ao mesmo tempo, e não dei conta de guardar a tarefa na mente. Passado o dia, quem me lembrou da data foi a própria Amanda, ainda há pouco. Que sem graça que fiquei! 

Mas não é a vergonha nem a necessidade de retratação que me trazem a essas linhas. É, antes, uma necessidade maior de registrar como sou feliz por ter a irmã que tenho.

Relação de irmãos é curiosa, é uma mistura delicada de competição e cumplicidade, que dependendo do caso, pode descambar mais prá competição do que prá colaboração. Já vi casos em que a presença de um irmão era um verdadeiro tormento pro outro, casos em que um só ficava bem longe do outro, e isso é muito triste de se ver. Isso nunca aconteceu lá em casa, pelo menos não da minha parte, e se aconteceu da parte dela nunca tomei ciência. Não que nossa relação tenha sempre sido um mar de rosas. Quando mais nova eu costumava achar que brigávamos muito, que éramos muito diferentes, que tínhamos gênios completamente incompatíveis... mas hoje percebo que muito das brigas eram por motivo fútil, e nós nunca extrapolamos as barreiras da boa convivência entre irmãos.

Claro que quando eu era adolescente, e quando a diferença de 8 anos entre Amanda e eu pesava demais, quando chegava a hora de ir prá rua ficar com os colegas da minha idade, onde sempre tinha um cara bonito que eu queria muuuitoo namorar, eu odiava quando minha mãe dizia: ‘leva tua irmã contigo’. E eu, a filha-mais-velha-que-não-podia-dizer-não, levava a irmã pelo braço, completamente contrariada. Claro que não a tratava bem... claro que na confusão dos sentimentos adolescentes eu achava que a culpada era ela. Mas não era. Não tinha culpa nenhuma... e mesmo não gostando, tive que levar Amandinha pra tudo quanto é canto.
E outra coisa também que acontecia lá em casa, como acontece em todas as casas, ou em quase todas, é a clássica comparação que os pais fazem dos filhos, e os papéis que os pais atribuem aos rebentos. A mais velha tem que ser o exemplo sem nem saber nada da vida, a mais nova já nasce com um exemplo a seguir. Fulana é quem sabe fazer tal coisa. Ciclana!! Você tem que fazer como tua irmã!! Muito complexo pra duas crianças. Mas isso aconteceu, repito, dentro dos parâmetros normais de uma relação familiar saudável...mas até que eu, até que ela nos déssemos conta disso, certamente muita frustração ficou acumulada. E pode até ter alguma guardada, que a gente é humano e não aprende cedo a reciclar emoções. Eu cresci um pouco sufocada no dever de ser exemplo, e confesso que queria muito ser uma boa irmã mais velha, ter sempre a resposta certa pra ajudar minha irmãzinha. Queria poder ensiná-la o caminho das pedras pra ela nunca sofrer.  Amanda, por sua vez,  cresceu tendo muita atitude, certamente buscando seu lugar ao sol, ou melhor, buscando o seu próprio sol que não fosse o meu, e assim tentava fugir do estigma da irmã mais nova.
Hoje tenho 33 anos, ela tem 25, e nossa relação evoluiu bastante. Estamos mais próximas da cumplicidade do que da competitividade, e isso é muito bom. É mais: é excelente encontrar na tua irmã uma amiga. Nem sempre a gente entende uma à outra, temos sim temperamentos bem diferentes e de vez em quando as diferenças pesam... mas é isso, hoje nos vejo muito mais cúmplices e companheiras. Como todos os irmãos devem ser, aliás.
Ficam aqui, minha irmãzinha, essas breves linhas pra você. Te amo tão fundo que dói. Deus me prive de te perder, ou de perder a confiança que você deposita em mim.  Desejo que ainda possamos comemorar muitos e muitos Dias dos Irmãos... A partir do ano que vem, prometo, ficarei mais atenta à data!

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