Soube disso por meio de meu pai,
que me ligou cedo pra me falar. Logo disse a ele que ligaria prá Amanda,
minha irmã (que já apareceu por aqui, na postagem sobre o Natal). Mas
me esqueci. Não porque não tenha amor por ela, mas porque sou muito distraída.
Cada vez mais. No momento em que ele me ligou eu, como boa geminiana que sou,
estava fazendo umas três coisas ao mesmo tempo, e não dei conta de guardar a
tarefa na mente. Passado o dia, quem me lembrou da data foi a própria Amanda,
ainda há pouco. Que sem graça que fiquei!
Mas não é a vergonha nem a necessidade de retratação que
me trazem a essas linhas. É, antes, uma necessidade maior de registrar
como sou feliz por ter a irmã que tenho.
Relação de irmãos é curiosa, é uma mistura delicada de
competição e cumplicidade, que dependendo do caso, pode descambar mais prá
competição do que prá colaboração. Já vi casos em que a presença de um irmão
era um verdadeiro tormento pro outro, casos em que um só ficava bem longe do outro,
e isso é muito triste de se ver. Isso nunca aconteceu lá em casa, pelo menos não da minha
parte, e se aconteceu da parte dela nunca tomei ciência. Não que nossa relação
tenha sempre sido um mar de rosas. Quando mais nova eu costumava achar que
brigávamos muito, que éramos muito diferentes, que tínhamos gênios completamente
incompatíveis... mas hoje percebo que muito das brigas eram por motivo fútil, e nós nunca extrapolamos as barreiras da boa
convivência entre irmãos.
Claro que quando eu era adolescente, e quando a diferença de 8 anos entre Amanda e eu pesava demais, quando chegava a hora de
ir prá rua ficar com os colegas da minha idade, onde sempre tinha um cara
bonito que eu queria muuuitoo namorar, eu odiava quando minha mãe dizia: ‘leva tua
irmã contigo’. E eu, a filha-mais-velha-que-não-podia-dizer-não, levava a irmã
pelo braço, completamente contrariada. Claro que não a tratava bem... claro que
na confusão dos sentimentos adolescentes eu achava que a culpada era ela. Mas não
era. Não tinha culpa nenhuma... e mesmo não gostando, tive que levar Amandinha
pra tudo quanto é canto.
E outra coisa também que acontecia lá em casa, como
acontece em todas as casas, ou em quase todas, é a clássica comparação que os
pais fazem dos filhos, e os papéis que os pais atribuem aos rebentos. A mais velha tem que ser o exemplo sem nem saber nada da
vida, a mais nova já nasce com um exemplo a seguir. Fulana é quem sabe fazer
tal coisa. Ciclana!! Você tem que fazer como tua irmã!! Muito complexo pra duas
crianças. Mas isso aconteceu, repito, dentro dos parâmetros normais de uma
relação familiar saudável...mas até que eu, até que ela nos déssemos conta
disso, certamente muita frustração ficou acumulada. E pode até ter alguma
guardada, que a gente é humano e não aprende cedo a reciclar emoções. Eu cresci
um pouco sufocada no dever de ser exemplo, e confesso que queria muito ser uma
boa irmã mais velha, ter sempre a resposta certa pra ajudar minha irmãzinha.
Queria poder ensiná-la o caminho das pedras pra ela nunca sofrer. Amanda, por sua vez, cresceu tendo muita atitude, certamente
buscando seu lugar ao sol, ou melhor, buscando o seu próprio sol que não fosse
o meu, e assim tentava fugir do estigma da irmã mais nova.
Hoje tenho 33 anos, ela tem 25, e nossa relação evoluiu
bastante. Estamos mais próximas da cumplicidade do que da competitividade, e
isso é muito bom. É mais: é excelente encontrar na tua irmã uma amiga. Nem
sempre a gente entende uma à outra, temos sim temperamentos bem diferentes e
de vez em quando as diferenças pesam... mas é isso, hoje nos vejo muito mais
cúmplices e companheiras. Como todos os irmãos devem ser, aliás.
Ficam aqui, minha irmãzinha, essas breves linhas pra você. Te amo
tão fundo que dói. Deus me prive de te perder, ou de perder a confiança que
você deposita em mim. Desejo que ainda possamos
comemorar muitos e muitos Dias dos Irmãos... A partir do ano que
vem, prometo, ficarei mais atenta à data!
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