GRANADA E UMAS LINHAS CHEIAS DE SENTIMENTO

Escrevo essas linhas cheia de um sentimento que me veio quando olhei as fotos da viagem de 1 ano atrás.

Há um ano eu chegava de novo a Granada, lugar que roubou parte do meu coração desde o primeiro dia em que lá pisei, há quase 8 anos.

Tem lugares que mexem com a gente de um jeito tão único que me levam a pensar que talvez nossas células, que carregam informações ancestrais, relembrem experiências positivas quando os visitamos. Talvez corra em minhas células um sentimento cantado por Djavan "sou um pouco árabe/ vivo das paixões há gerações/ por Andaluzia já cansei de andar/ trago no meu canto glórias ancestrais e posso morrer de amor/ gitano eu sou". Talvez minhas células e suas memórias ancestrais me levam ao canto e à dança e a uma plenitude indescritível que só neles encontro! Talvez essas células e essas memórias expliquem minha devoção a Santa Sara, padroeira do povo cigano - e estamos no mês dela! Talvez essas mesmas células, que formam esse corpo que habito, tenham me levado a integrar um grupo de trabalho que, esperamos, possa contribuir pra uma maior representatividade da pauta cigana nas politicas públicas nacionais - e isso me emociona.

Num mundo em que o mental é cada vez mais demandado e oprimido, muitas vezes nos esquecemos do corpo e do sentir, de nos deixar fluir por sentimentos e apreços que talvez nosso racional nunca saberá de onde vêm, mas que nosso corpo afirma a cada instante: eu sinto! eu gosto disso! isso me faz bem!

Esse texto é sobre sentimentos, sobre memórias ancestrais - traços genéticos bem residuais que não nos permitem autodeclarações de pertencimento étnico, mas que ainda assim trazem um sentido profundo a nossas existências, para além de qualquer racionalização. É uma reverência a tantos povos que se fazem presentes nessa terra em que vivemos e que podem ter contribuído para o que somos hoje. É sobre o que nos move desde nosso íntimo, que nos trás plenitude e anima nossa alma!

É sábado à noite, mas não estou bêbada! :) Ou talvez esteja sim, tomada pela inebriante sensação de estar viva!

Viva a vida!!

Conselhos da Árvore

"- Nós só conseguimos apreender as coisas de uma maneira mais ampla após o amadurecimento que o tempo trás.

Hoje estou aqui, vendo meu entorno do alto, mas nem sempre foi assim. Levou tempo até eu ter esse tamanho e essa visão.

Você está passando por isso e sabe do que estou falando.

- Verdade.

- Não adianta apressar as coisas.

Essa imensidão que você hoje vê dentro de mim é fruto do tempo.

Você ainda vai entender muitas coisas. Dê tempo ao tempo.

- E essas inscrições na tua casca? Não te incomodam?

- Ah...isso são coisas externas. Na hora doeram, mas eu troco de casca. Me renovo e isso tudo fica pra trás. E assim é a vida."

Do murmúrio do mar

Do murmúrio do mar escutei
Que ele guarda os sonhos das crianças
Bem ali junto às ondas
Onde brincam, riem e correm
Elas constroem seu mundo 
E muitos sonhos ficam ali
Naquele lugar onde a espuma é mais branca
- Isso tudo eu escutei do murmúrio do mar

Na beira do mar deixei muitos sonhos
Segui minha vida sem notar que faltava esse encanto infantil
Mas o mar guarda os sonhos da menina 
E hoje ele devolveu meus sonhos a mim

Bem ali na beira do mar
Reencontrei
O que há muito achei que tinha perdido
A doçura, a leveza, a alegria
A humildade diante do infinito

Na beira do mar me fiz mais potente
Encontrei o que faltava ao meu coração
Sentimentos que o mar, meu amigo, guardava
Até que eu me fizesse menina de novo
Pra esses sentimentos de volta receber

O mar compreende os sentimentos
Porque deles é feito, e não só de água
Ele vibra, se inflama e se acalma
Recebendo a influência dos ventos bravios
Se deixa atrair pela força da lua
Contrai e expande ao sabor das marés
E a criança que é sábia  em sua pureza
Sabe disso e com ele compartilha seu ser
Por isso que o mar guarda seus sonhos
Pra que estejam a salvo quando o adulto crescer
E até que ele volte a ser pura criança
E assim possa seus bons sentimentos colher

(MAVN 06.08.17)

The Healing

E como em outras ocasiões que tenho vivido, mais uma vez aprendo que a vida pode ser fácil. Que as soluções existem e podem vir facilmente. Que a vida pode ser boa. Muito boa. Fluida. Leve. Que a felicidade é leve.
Esse ano de 2014 foi o ano de identificar as sombras. E de entendê-las como são: falta de luz. Jogue luz na questão e a sombra some.
Mas a sombra cumpre a função de te mostrar algo. Um referencial que a criou e a manteve até ser eliminado. Por isso também foi um ano para aprender com as sombras e de ser grata a elas. De encarar as sombras como mestres.
E os mestres são necessários enquanto o aprendizado se faz necessário. Mas uma vez concluído o aprendizado, tanto mestres como sombras são dispensáveis.
E é exatamente nesse momento que se abre o espaço para a liberdade.

(Rio, 16/12/14)

Arte de rua

arte na rua

arte na rua da arte.

Na rua dá arte.

 

Mergulho no mar
e poro a poro absorvo sua energia mineral.
Brinquedo de boiar.
Acalmo com seus sais
todos os meus ais.
Em paz.

Creio cada vez mais que a felicidade verdadeira persiste, mesmo em meio ao cansaço e a momentos de impaciência. Ela persiste mesmo em meio aos momentos mais avessos pois não é momentânea. Felicidade é um fincar raízes dentro da  gente, e quando isso acontece, nada consegue nos abalar por completo. Claro que vamos sentir frustrações as mais diversas, mas sabemos, porque a felicidade nos contou, que ficaremos bem. A felicidade nos ensina que tudo passa, menos ela. E é ela quem nos ajuda a saber o que é importante na nossa vida. O que nos faz feliz de verdade é importante, o resto é perfumaria. Então, quis vir aqui dizer - sem medo de invejas pois tudo retorna a sua fonte - que mesmo com dores, com Felicianos e Paespalhos, com moralismos que cerceiam e ignorâncias que espantam, que mesmo com o fim do mês pesando no bolso e mesmo ainda com pequenas neuroses persistindo dentro de mim....eu sou feliz. Muito. E cada vez mais, pois enquanto as raízes se aprofundam, a árvore fica cada vez mais frondosa.