Das oito
às cinco não cabe o eu
nem
cabe o brotar de ideias -
só o
automatismo cabe das oito às cinco.
Das oito
às cinco não cabe abrir a janela
não
cabe o voo do pássaro
o ar
fresco
o
sorriso espontâneo
a
digestão do almoço.
Das
oito às cinco não cabe o tempo do agora -
tudo é
pra ontem das oito às cinco.
Não
cabe mastigar a comida
ligar
prá família
pagar
as contas
cantarolar
ou
regar as plantas.
Não
cabe admirar as plantas das oito às cinco.
Não
cabe a poesia das oito às cinco.
Das oito
às cinco só cabe a frustração. E a vontade de ser mais livre.
(MAVN, 20 de março de 2012)
(MAVN, 20 de março de 2012)
2 comentários:
Não seria o caso de inventar um outro "oito às cinco"?
É, pode ser. Mas no momento estou tentando reiventar esse.
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